quarta-feira, 23 de março de 2011

Chandigarh => Agra / Into the Taj!

Caros leitores, vou pular duas festas que tivemos aqui para um assunto muito mais interessante para mim e com certeza para vocês, talvez eu volte a falar dessas festas no futuro (quando não tiver mais assunto hahaha) mas eu ainda não posso prometer nada a vocês.

No ultimo fim de semana eu e mais 13 viajamos para o que seria um dos fins de semana mais loucos de minha vida, mas como em um filme de terror, vou dividir esse tópico em dois, o primeiro post dará dicas importantes sobre o mistério por trás do que irá acontecer ao próximo tópico assim como informações e aviso aos protagonistas que só serão entendidos no climax do filme, ou seja, o segundo post.
Parafraseando Denis: Se você olha a definição de épico no dicionário provavelmente encontrará, 13 estrangeiros no Holi de Vindravan.

Durante a semana que antecedeu o evento, pedimos o dia da segunda livre pois sabiamos que a viagem (como sempre é) seria exaustante e por esse motivo segunda-feira iriamos dormir e descansar. Muitos do trabalho ficaram impressionados quando descobriram que de fato viajariamos para Vindravan durante o Holi, a festa que comemora o inicio da primavera, a festa das cores, mas isso é história para o segundo post.

Rumamos eu, Marta, Janka e Natasha sentido ao setor 48 para encontrar lá as pessoas que iriam na nossa jornada conosco, alugamos um micro-onibus, vulgo Party-Bus, vulgo Massala-Bus, algumas garrafas de Whisky (pois o daqui é bom e barato), algumas garrafas de Pepsi Party Pack (2l e um pouco) e alguns copos de plastico e partimos sentido Agra. As musicas das mais ecléticas fizeram a noite, Martin foi nosso DJ e de tempos em tempos perguntava "Quem está acordado?" e a cada hora menos eram as respostas de "Eu" até que todos dormimos, com excessão do motorista, afinal, esse não era o taxi da morte.

Chegamos cedo ao hotel e acabados da noite e com nossas roupas banhadas de whisky finalmente tivemos a oportunidade de tomar um bom café da manhã e dormir em um ótimo mas caro quarto. Existiam dois passeio diferentes, a (como diria o Silvio Santos) "Caravana do Taj Mahal" e a "Caravana de Fatehpur Sikri". Por motivos pessoais acabei optando pela caravana do Taj Mahal, mas era muito cedo e o dia não parecia muito promissor para nós, estava nublado simplesmente. Decidimos então na parte da manhã visitar o "Agra Fort", local aonde vivia o rei que construiu o Taj Mahal. Para começar o passei pegamos um Tuk-Tuk que levou 10 pessoas dentro ao local desejado, nesse meio tempo Mariano, da Bugaria, começou a ser xavecado pelo motorista, suspeito que era tudo brincadeira, mas não coloco minha mão no fogo por isso.

Atravessamos a rua e nos deparamos com a primeira horda do dia dos vendedores ambulantes, nessa cidade e pelo fato dela ser altamente turistica os vendedores não aceitam um não como resposta, mesmo quando você já disse não mais de 30 vezes. O poder da insistencia, será que isso é estudado em marketing? O forte é sensacional e majestoso, um grande meio de demonstrar poder e ainda se sentir seguro dentro. Salas que levam a outras salas e escadas que levam a outras escadas e que levam a jardins que levam a outros jardins, o lugar é mesmo muito bonito mas o que me impressionou no local era os tipos de turistas que lá estavam:

  • Americanos, usando shorts caque até mais ou menos o meio da coxa, botas com meias até mais da metade da canela e camisas de "explorador" além daquele bonezinho feio pra caramba, não é difícil saber que é americano, os sintomas indicam a nacionalidade.
  • Chineses, o mais incrível é que nem todos mas quatro principalmente eram chinesas e estavam andando com roubas Hindi super bonitas e super caras, além do sinal na testa, típico sinal de "turismo".
  • Mochileiros europeus, esses normalmente carregam câmeras grandes e roupas sujas e surradas mostram que estão apenas de passagem, e
  • AIESECos, andando em bando como hienas (pelas risadas obviamente) e demonstrando toda sua felicidade em " Jumping Pictures", não é difícil distingui-los dos outros viajantes, esses obviamente entendem algumas coisas em hindi mas não tem a capacidade de se comunicar com o povo local e evitar vendedores ambulantes.
O forte é obviamente era muito grande e demoramos duas horas até nos cansarmos dele e decidirmos ir almoçar para então visitarmos o Taj Mahal após o almoço e vermos o por-do-sol lá. O almoço foi em um restaurante cujo ar condicionado seria capaz de causar criogenia e a comida broxante, serviço demorado e falta de bom senso me fizeram sentir saudades dos restaurantes japoneses. A cidade de Agra é muito suja caracterizando uma verdadeira cidade indiana e desorganizada, fica difícil imaginar que esse imenso monumento de mármore fica lá.
Capa de álbum!

Fomos andando do restaurante para a "entrada" do Taj Mahal, falo isso pois não é a entrada verdadeira, e no caminho fomos atacados pelo primeiro pó de Holi, rosa e manchante, minha camiseta sofreu quase nada, mas aos outros não posso dizer a mesma coisa, incrível que para mim as coisas simplesmente aconteceram em câmera lenta nesse momento.
Verdadeira Índia!

Passando pela porta fomos surpreendidos novamente por uma horda infindavel de vendedores, esses queriam nos vender passeio de camelo, de cavalo, de rickshaw, imãs de geladeira e muitos outros produtos. Incrível insistência deles que Mariano estava para comprar imãs com um vendedor mas no ultimo minuto
foi salvo pro Karan, nosso amigo indiano da AIESEC Chandigarh, de ser enganado, esse vendedor então ficou muito bravo e brigou com nosso amigo indiano! Quando nos aproximamos da porta fugindo de nossos "perseguidores" fomos recebidos por um "guia" que nos queria ajudar apenas por ajudar, mas ninguem aqui na Índia quer te ajudar apenas por ajudar, aprendido e observado, o cara queria 1000 rupias para ser nosso guia, e ele descreveu os serviços dele da seguinte maneira: "Eu levo vocês para dentro, mostro algumas coisas e deixo vocês livres pra explorarem." Mano, 1000 rupias pra nos mostrar algumas coisas? Por esse preço deveria nos carregar no colo, fazer cafuné, café com biscoitos, nos cobrir quando deitassemos, massagem nos pés, massagem nas costas e guarda-costas.

A primeira coisa que você se depara quando entra no Taj é...... uma grande segurança, sim, você passa por detectores de metal, guardas para saber se você leva armas, ou coisas desrespeitosas, cigarros e outras coisas. Você ainda ganha saquinhos para colocar nos pés para entrar no Taj Mahal. Depois de esperar Mariano e Karan que guardavam seus CHICOTES (eles compraram chicotes, Karan pagou 50 rupias no seu, Mariano só pagou 100 em uma negociação que começou nos 2000, vantagens de ser um indiano na Índia) e Denis (o russo) seus cigarros. Quando todos estávamos juntos finalmente começamos a adentrar a morada da mulher favorita de Shah Jahan, tudo começa com um grande jardim que leva a um grande e escuro portal, de lá você começa a ver as primeiras imagens do Taj como ele é, imenso, majestoso, branco e dominando todo o ambiente, tudo é muito bonito e bem feito, tudo é verde, todas as construções perfeitas e as coisas são sensacionais. O mais interessante é que não parece realmente Agra, na verdade parece que você está em outro planeta devido as tamanhas diferenças.
Eu e o Mariano, brother!!!

Entramos, o cenário mudo e as pessoas também, já se podia notar todas as diferenças nacionalidades! Os japoneses com suas idéias malucas e que não fazem o menor sentido (quer saber do que estou falando, google Tenga Egg e vai entender melhor), brasileiros, barulhentos, barraqueiros e super divertidos, australianos com seus modelitos característicos e seus cabelos dreads loiros entre outros. Vale lembrar que estamos em um país sem país, é como Machu Picchu, passa as barreiras de país, mas sem comparação com a cidade incaica.

Uma coisa ótima aconteceu, quando passamos pelo grande portal, o tempo que estava nublado simplesmente abriu-se atrás do Taj Mahal, como se estivesse só nos esperando para aparecer, foi uma ótima sensação.Tiramos uma infinidade de fotos e afinal começamos a aproveitar após isso, o importante são as lembranças e não as imagens, as imagens só são importantes para provar pros outros que estivemos lá de verdade hahaha horas depois de nos maravilharmos com imagens super diferentes e alguma frustração por parte dos outros quanto a dentro do Taj Mahal (eu realmente gostei, é possível ouvir cada respiração naquele lugar pacifico), interessante é saber que cada país tem uma reação diferente ao lugar, enquanto eu tive uma boa reação, afinal é uma obra de amor, Natalia a russa chorou no local pensando nos trabalhadores que lá estiveram, cujas mãos foram cortadas para que nunca repetissem o feito.
Martin, em frente ao Taj!

Quando estava ficando escuro começamos a sair e no caminho encontrei e conheci uma conterrânea de São Paulo que estava visitando a Índia por seis dias e infelizmente não ia ficar para o Holi. Quando saímos encontramos Mariano conversando com nada mais nada menos, o insistente vendedor de imãs, parece brincadeira mas ele ainda tentava vender a Mariano um presente. Outro fato interessante é que eu descobri uma tática para eles entenderem o não, você apenas tem que dizer não em Hindi, mas não em hindi normal.. um nãããããããããããão, ou em Hindi, Neeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeei!

Voltamos ao hotel cansados e durante o jantar começaram algumas conversas sobre se seria seguro irmos a Vindravan ou não, o nosso motorista, dono do hotel, meu chefe, todo mundo disse que coisas acontecem naquele lugar e que seriamos loucos de ir lá. Noticias como, 22 morrem em Vindravan ou, você morrerá se for para Vindravan eram temas da conversa, ficou decidido que por ser mais seguro iriamos as 6 para lá, isso depois de decidirmos ir lá depois das 4, 5 e 7. Nada decidido, tudo resolvido, era seis horas.
Ótimo momento de descontração

Aquele dia após o banho não consegui dormir mais, pegamos o final do ultimo Whisky e como todo brasileiro que não segue todas as regras subi para o telhado que estava destrancado. A lua aquele dia estava maravilhosa, seria o dia dela mais perto da terra, e como a cidade é pequena as estrelas estavam radiantes.

Fui dormir e mal fechei os olhos já os abri de novo, era cinco horas, momento de partir para Vindravan, momento de ir para um dos dias mais loucos da minha vida, momento de mudar paradigmas, momento de curtir o Holi no local aonde o Holi é mais louco na Índia, momento de sofrer uma experiência unica e momento de... bom, vocês verão.

Me despeço agora dos leitores com as ultimas palavras:
Não percam no próximo post, Holi em Vindravan! e
See Ya!
Gutchaska! Para poucos!

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